17 de fev. de 2011




"Você sabe que o cérebro ainda vive sete minutos depois que o coração para de bater?" (Freddy Krueger).


Era assim que ela se sentia, uma morta viva, emocionalmente. Não escrevia mais, não conseguia traduzir o limbo em meras palavra. "Será que é assim que é morrer?" Ela pensou... Deixar de sentir-se, olhar e não ver-se?
A vida pulsava, querendo existir enquanto a falta do coração (que havia ficado com ele) impossibilitava essa existência. Em um ímpeto de tornar-se viva, dirigiu-se ao banheiro, já tão gasto de tantos rituais. Escolheu a música, àquela e depois, acendeu um cigarro. Sugou a fumaça, com força e vontade, anestesiando os instintos represados e fez uma coisa que não fazia a muito tempo, nua, deitou-se no chão do banheiro, sentindo a frieza da sua pele morta tocar a frieza viva dos azulejos e deixou-se perder a consciência. Sem precisar abrir os olhos, as mãos ágeis encontraram a velha amiga e a direcionaram a um lugar desconhecido, onde ela jamais havia feito o líquido de cheiro doce e cor feroz brotar, mas para tudo tem uma primeira vez.
Entrou no chuveiro e ficou, a medida que a água escorria, guiava às unhas tão acostumadas sobre a pele já castigada de outr'ora: rosto, seios, ombros, braços, barriga, quadril... Como que marcando os caminhos percorridos pelas mãos acostumadas. Outra vez aquele velho êxtase, aquela vida, pulsando em cada marca, delatando acontecimentos e mostrando histórias, outra vez...
Depois permitiu-se apenas vestir-se e cair na cama, ainda de olhos fechados, a fim de que a vida não lhe escapasse, pois dizem que os olhos, são as janelas d'alma. E assim que os visse, saberia que ainda estava morta...

-Roberta.

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