30 de set. de 2010

Confusão

Algo irrompeu dentro dela, com uma dor assombrosa. E, como sempre, as coisas mudaram.
A dor é um presságio do corpo, enquanto a loucura o presságio da alma. A dor dilacerou-a, como algo que procura uma saída urgente, que rasga, que quer viver, mas precisa matar para isso. E a loucura começou a bater a porta dos sentidos, inebriando os sentimentos e desvanecendo a verdade certa. As coisas perderam o sentido em um misto de loucura doida e dor insana.
E assim o mundo perdeu as cores, ele abriu espaço para os velhos demônios entrarem, e eles voltaram, saudosos de destruição.
E no meio do turbilhão ela se pergunta: Estamos presos a uma Compulsão à Repetição?
Cada vez que possível, as coisas serão assim?
Ela sente a frieza tomar conta das suas palavras, enquanto a ternura ferida espreita assustada tamanha falta de sensibilidade. Ela não é assim, mas a loucura a transforma. E a dúvida é quem permite a loucura fazer-se presente.
E enquanto tudo é confuso, a loucura impera absoluta. Enquanto a dor, soldado fiel, conter o resto, ela é soberana.
Ela só queria saber, tirar a loucura do poder e trazer a ternura as palavras.
Mas, isso são conversas para outros dias...
Até quando?
Ele não entende, nem vai entender.
Porque nem sempre as coisas são tal qual elas mostram-se...

- Roberta.

Não faz sentido para quem lê, mas não me importo, porque para quem sente o sentido foi perdido há muito tempo...

26 de set. de 2010

O amor...

Ela disse:
"O amor é igual a pedir pizza em casa. Você pede com muita vontade, fica muito ansioso até chegar. Quando chega, você come, come, come, come e depois a pizza acaba. E como você está em casa, o que sobra é sentar na frente da TV com a barriga muito cheia depois de ter arrumado a cozinha..."

Ele respondeu:
"Eu acho que o amor é mais parecido com McDonald's. Porque assim, sempre que eu vou no McDonald's eu peço pra tirar alguma coisa do meu número 1, o Pickles. Então, mesmo que todo mundo diga que faz mal, que mata, que é uma ferramenta do capitalismo, eu não consigo de deixar de comer lá. É tipo, uma obsessão sabe... E assim, o amor é igual, ainda que o amor seja uma coisa que faz mal, que seja padronizado, que seja sempre igual que nem McDonald's, você pode fazer diferente. Pode ser sempre igual, ou pode ser diferente toda vez..."

(...)

Ele diz:
"Eu vou ter que me acostumar com meninas menos complicadas, menos interessantes, menos criativas..."

E ela diz:
"Você gostaria de mim se eu fosse menos complicada?"

(...)

-Um filme nacional que estava passando na TV...

23 de set. de 2010

Um dia vestido
De saudade viva
Faz ressuscitar
Casas mal vividas
Camas repartidas
Faz se revelar
Quando a gente tenta
De toda maneira
Dele se guardar
Sentimento ilhado
Morto, amordaçado
Volta a incomodar

- Fagner - Revelação

(...)

Afinal, o que é certo para você?
Eu não entendo.

(...)

22 de set. de 2010

Querer

Ela conheceu ele, e quis tantas coisas que nem soube dizer...
No início ambos queriam apenas o prazer e, em seguida a companhia.
No início eles se pareciam, falavam a mesma língua e queriam a mesma coisa, nada.
Depois ele se foi...
E ela se deu conta que queria mais.
Se deu conta que queria as mãos, a boca e o cheiro. Queria a pele, a voz e a presença. Queria cada toque, cada momento, cada dia.
Ela queria ele e queria que ele à quisesse.
Ele voltou e disse que também queria.
Que também tinha sentido saudade.
E assim se quiseram juntos.
Quiseram ser aceitos;
Quiseram ficar juntos;
Quiseram dividir sentimentos;
Quiseram compartilhar seus mundos diversos e suas experiências distantes.
Quiseram querer as mesmas coisas sempre.
De fato, a intensidade dos quereres era tão grande que o tempo pareceu eterno, que o nada virou o tudo e que querer era poder, era estar, era ser.
Eles se queriam e isso pareceu ser o suficiente.
Não sabiam que ainda que quisessem, existem coisas que o querer não aplaca...
Quando descobriu isso, mesmo sem querer, ela escreveu:
"O querer é o que move e a necessidade é o que mantém vivo para poder ser movido".
Eis que as coisas mudaram:
Querer e precisar, duas faces de uma mesma moeda.
Dois extremos em um continuo.
O que ela queria a sufocava
E o que ela precisava a matava.
Ele passou a querer definições,
E ela passou a não saber como se definir.
Ele passou a querer coisas exatas,
E ela a não entender de certezas.
Ele passou a querer coisas certas,
E ela, perdeu-se em seu querer e precisar de tal forma, que o certo passou a não fazer mais sentido.
Ela apenas queria sentir,
Enquanto ele, gostaria apenas que ela pensasse...

- Roberta.

"Eu quis querer o que o vento não leva, pra que o vento só levasse o que eu não quero.
Eu quis amar o que o tempo não muda, pra que quem eu amo não mudasse nunca.
Eu quis prever o futuro, concertar o passado
Ponderado, perfeitamente equilibrado..."

- Paralamas do Sucesso

17 de set. de 2010

É..

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama

De repente não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente

Fez-se do amigo próximo, distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente

-Vinícius de Moraes - Soneto de Separação

Pra sempre ou só por um momento,
Me dá um beijo na boca
E depois me leva pra sua casa

-Armandinho - Outra noite que se vai

13 de set. de 2010

.

Me livro dessa solidão cantando versos feito de você
Me laço no meu coração buscando forças para me conter
Faz tempo que não vivo mais na terra onde te conheci
Cavalgo na vontade louca de voltar pra casa
E sair na rua pra encontrar você
Em terra estranha parei para tomar meu chimarrão
Arriei sela e pensei - Ai, que saudade do meu chão!
Saudade é uma faca afiada que corta nossos corações
E faz da vida quase nada
E nos confunde na poeira dessa estrada.

-Nossos Corações - Expresso Rural

12 de set. de 2010

"Pensamentos soltos, traduzidos em palavras para que você possa entender..."

Estranho é quando a vida perde o sentido, quando os dias não tem mais objetivo. Quando amanhecer e anoitecer provocam a mesma sensação: cansaço.
Quando se sai do trabalho com tempo e sem rumo.
Quando se precisa estar sozinha, mas a solidão é insuportável.
É se olhar no espelho e reconhecer apenas a tristeza.
É abrir mão de coisas importantes, querer morrer por isso, mas ainda sim ir até o fim.
É não se sentir bem em lugar nenhum, em nenhuma companhia, em hora nenhuma do dia.
Estranho é acordar de manhã e não ter nem Bom Dia, nem dormiu bem...
É quando normal é sentir dor.
É sonhar todas as noites com despedidas.
É se perder de tal forma, que nada mais te faz sentir-se você mesma.
É não se reconhecer no espelho.
É precisar se esforçar pra fazer as coisas que sempre deram prazer.
É não querer nem chocolate.
Estranho é perder o poder de não chorar.
Estranho é perder o assunto com quem mais se quer conversar.
É não saber o que dizer, ainda que o coração grite no peito.
Estranho é querer ver e não poder.
Estranho é ficar dias sem ouvir a voz, sem sentir o cheiro, sem tocar a pele, mas ainda sim quando se fecha os olhos, está tudo ali, mais estranho ainda é saber que não é real...
É conversar de maneira formal com a pessoa que te conhece melhor que você, com quem a intimidade vai além do sexo.
Estranho é se dar conta de como as madrugadas são compridas, quando se tem sono, mas não se consegue dormir.
É sentir fome, mas não ter vontade de comer.
É buscar o que você não sabe.
É perder o que é mais conhecido.
Estranho mesmo é sempre ter se sentido vazia, mas ter a impressão de que nem mesmo o vazio sobrou de familiar...

-Roberta.
Lages, 12 de setembro de 2010.

Meu doce vampiro,

A dor que te provoquei me dói também, e me dói também a culpa de não ter podido ser sempre aquela certeza que conheceu em mim, que como você me diz, alimentou o que hoje, você procura esquecer. Isso dói também, saber que me quer morta, se não literalmente, pelo menos dentro de ti.
Hoje resolvemos nos deixar quietos, decidimos não mais nos falar e isso passou o dia todo comendo minha'lma como cupim em madeira já velha. Me dói não saber de ti, por onde andas, o que estás fazendo... Me dói não mais fazer parte da tua vida.
Você deve pensar que estou louca ao escrever essas linhas, já que o que nos separa é a minha incerteza, mas ainda que incerto, ainda tenho amor no peito e ele é seu. Sinto isso durante todo o meu dia enquanto penso que não mais vou te ver antes de ir para aula, quando chego em casa e ainda que ali estejas, com frases de impacto, ainda que eu fale você não vai responder. Teu silêncio me machuca... Mas escolhi pela solidão e ela é feita de silêncios, não sei se saio viva dela, pelo menos não essa Roberta.
Falando nessa Roberta, enquanto nos falamos percebo que ninguém nunca chegou tão perto de me conhecer como você. Quando falas, é certeiro. Atira onde em mim sabe que vai machucar. Não pensei que farias isso, mas como te magoei muito, tens todo direito de maltratar meu coração, se assim o teu doer menos. Ainda que pareça clichê, se pudesse pegaria toda a dor de minha escolha para mim, porque te quero feliz.
Hoje fiz uma coisa que não fazia há anos, roubei o carro e fui passar onde você estava pra ver se te via... Voltei para casa decepcionada, porque lá não te encontrei.
Enfim, já escrevi a despedida derradeira, já te expliquei meus motivos, não é para isso que serve esta carta. Com isso espero apenas que, talvez todas essas mazelas, misturadas em um cafona português polido pareçam mais sensatas. Não espero respostas, porque a partir de hoje, não mais responde quando te falo, apenas fica em silêncio e me machuca.
Li uma vez em um livro uma frase que, hoje, mais do que nunca faz sentido sem restrições: "Mas as coisas nunca são como devem ser, Maria Angelica, a vida constrói-se dos retalhos dos nossos sonhos..."
Amo te, não vou dizer que não. Mas às vezes penso, se amar é mesmo o suficiente...
Beijos, de adeus ou até logo, mas cobertos de amor e saudades...

Roberta.


Às vezes parecia
Que de tanto acreditar
Em tudo que achávamos
Tão certo...
Teríamos o mundo inteiro
E até um pouco mais
Faríamos floresta do deserto
E diamantes de pedaços
De vidro...
Mas percebo agora
Que o teu sorriso
Vem diferente
Quase parecendo te ferir...
Não queria te ver assim
Quero a tua força
Como era antes
O que tens é só teu
E de nada vale fugir
E não sentir mais nada...
Às vezes parecia
Que era só improvisar
E o mundo então seria
Um livro aberto...
Até chegar o dia
Em que tentamos ter demais
Vendendo fácil
O que não tinha preço...
Eu sei é tudo sem sentido
Quero ter alguém
Com quem conversar
Alguém que depois
Não use o que eu disse
Contra mim...
Nada mais vai me ferir
É que eu já me acostumei
Com a estrada errada
Que eu segui
E com a minha própria lei...
Tenho o que ficou
E tenho sorte até demais
Como sei que tens também...

-Legião Urbana - Andrea Doria

3 de set. de 2010

Pelas coisas que passaram...

Não adianta nem tentar
Me esquecer
Durante muito tempo
Em sua vida
Eu vou viver...
Detalhes tão pequenos
De nós dois
São coisas muito grandes
Prá esquecer
E a toda hora vão
Estar presentes
Você vai ver...
Se um outro cabeludo
Aparecer na sua rua
E isto lhe trouxer
Saudades minhas
A culpa é sua...
O ronco barulhento
Do seu carro
A velha calça desbotada
Ou coisa assim
Imediatamente você vai
Lembrar de mim...
Eu sei que um outro
Deve estar falando
Ao seu ouvido
Palavras de amor
Como eu falei
Mas eu duvido!
Duvido que ele tenha
Tanto amor
E até os erros
Do meu português ruim
E nessa hora você vai
Lembrar de mim...
A noite envolvida
No silêncio do seu quarto
Antes de dormir você procura
O meu retrato
Mas da moldura não sou eu
Quem lhe sorri
Mas você vê o meu sorriso
Mesmo assim
E tudo isso vai fazer você
Lembrar de mim...
Se alguém tocar
Seu corpo como eu
Não diga nada
Não vá dizer
Meu nome sem querer
À pessoa errada...
Pensando ter amor
Nesse momento
Desesperada você
Tenta até o fim
E até nesse momento você vai
Lembrar de mim...
Eu sei que esses detalhes
Vão sumir na longa estrada
Do tempo que transforma
Todo amor em quase nada
Mas "quase"
Também é mais um detalhe
Um grande amor
Não vai morrer assim
Por isso
De vez em quando você vai
Vai lembrar de mim...
Não adianta nem tentar
Me esquecer
Durante muito
Muito tempo em sua vida
Eu vou viver
Não, não adianta nem tentar
Me esquecer...


-Roberto Carlos - Detalhes

2 de set. de 2010

Dúvida

A dúvida é a pior companhia,
instalada onde antes era quente, de amor e presença.
Espanta o sono, esmaga o peito.
Inicia anunciando maus presságios e termina matando tudo...
Maldita companheira.
Porque em mim?
Te queria longe, e as coisas boas perto.
Mas tenho os avessos, você colada,
E as boas coisas caminhando para o horizonte,
buscando se perder, de mim, no tempo...

-Roberta.