12 de set. de 2010

Lages, 12 de setembro de 2010.

Meu doce vampiro,

A dor que te provoquei me dói também, e me dói também a culpa de não ter podido ser sempre aquela certeza que conheceu em mim, que como você me diz, alimentou o que hoje, você procura esquecer. Isso dói também, saber que me quer morta, se não literalmente, pelo menos dentro de ti.
Hoje resolvemos nos deixar quietos, decidimos não mais nos falar e isso passou o dia todo comendo minha'lma como cupim em madeira já velha. Me dói não saber de ti, por onde andas, o que estás fazendo... Me dói não mais fazer parte da tua vida.
Você deve pensar que estou louca ao escrever essas linhas, já que o que nos separa é a minha incerteza, mas ainda que incerto, ainda tenho amor no peito e ele é seu. Sinto isso durante todo o meu dia enquanto penso que não mais vou te ver antes de ir para aula, quando chego em casa e ainda que ali estejas, com frases de impacto, ainda que eu fale você não vai responder. Teu silêncio me machuca... Mas escolhi pela solidão e ela é feita de silêncios, não sei se saio viva dela, pelo menos não essa Roberta.
Falando nessa Roberta, enquanto nos falamos percebo que ninguém nunca chegou tão perto de me conhecer como você. Quando falas, é certeiro. Atira onde em mim sabe que vai machucar. Não pensei que farias isso, mas como te magoei muito, tens todo direito de maltratar meu coração, se assim o teu doer menos. Ainda que pareça clichê, se pudesse pegaria toda a dor de minha escolha para mim, porque te quero feliz.
Hoje fiz uma coisa que não fazia há anos, roubei o carro e fui passar onde você estava pra ver se te via... Voltei para casa decepcionada, porque lá não te encontrei.
Enfim, já escrevi a despedida derradeira, já te expliquei meus motivos, não é para isso que serve esta carta. Com isso espero apenas que, talvez todas essas mazelas, misturadas em um cafona português polido pareçam mais sensatas. Não espero respostas, porque a partir de hoje, não mais responde quando te falo, apenas fica em silêncio e me machuca.
Li uma vez em um livro uma frase que, hoje, mais do que nunca faz sentido sem restrições: "Mas as coisas nunca são como devem ser, Maria Angelica, a vida constrói-se dos retalhos dos nossos sonhos..."
Amo te, não vou dizer que não. Mas às vezes penso, se amar é mesmo o suficiente...
Beijos, de adeus ou até logo, mas cobertos de amor e saudades...

Roberta.


Às vezes parecia
Que de tanto acreditar
Em tudo que achávamos
Tão certo...
Teríamos o mundo inteiro
E até um pouco mais
Faríamos floresta do deserto
E diamantes de pedaços
De vidro...
Mas percebo agora
Que o teu sorriso
Vem diferente
Quase parecendo te ferir...
Não queria te ver assim
Quero a tua força
Como era antes
O que tens é só teu
E de nada vale fugir
E não sentir mais nada...
Às vezes parecia
Que era só improvisar
E o mundo então seria
Um livro aberto...
Até chegar o dia
Em que tentamos ter demais
Vendendo fácil
O que não tinha preço...
Eu sei é tudo sem sentido
Quero ter alguém
Com quem conversar
Alguém que depois
Não use o que eu disse
Contra mim...
Nada mais vai me ferir
É que eu já me acostumei
Com a estrada errada
Que eu segui
E com a minha própria lei...
Tenho o que ficou
E tenho sorte até demais
Como sei que tens também...

-Legião Urbana - Andrea Doria

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