27 de mar. de 2011

Pesadelo

Acordou do pesadelo ofegante, os pulmões em chamas, as mãos e pés formigando, como se o sangue estivesse concentrado apenas no rosto, quente, de raiva e apreensão. Ela não queria acreditar naquilo, que apesar de ser só sonho, o medo daquela possibilidade a rondava a dias...
Não gostava daquela aproximação, nem daquelas conversas. Aquele jeito dela, a fazia sentir-se ameaçada em seu próprio território. Não queria aquela situação, mas ninguém a levava a sério. Sentia como se aquilo já tivesse data pré-agendada para acontecer e ela corria para o lado oposto, mas o tempo é rei e ninguém consegue ir contra sua correnteza.
Levantou da cama e procurou vestígios da realidade: pegou as roupas que usara a tarde e que ainda rescindiam à cheiro de suor dos dois e as cheirou, como que buscando reestabelecer a ligação com a realidade perdida.
Realidade, essa que não passava do benefício da dúvida. No sonho havia visto, na realidade, apenas esperava o inevitável, com o peito em cacos.

*

"Eu perco o chão,
eu não acho as palavras.
Eu ando tão triste,
eu ando pela sala.
Eu perco a hora,
eu chego no fim.
Eu deixo a porta aberta,
eu não moro mais em mim...
Eu perco as chaves de casa,
eu perco o freio.
Estou em milhares de cacos,
eu estou ao meio.
Onde será, que você está, agora?"

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