17 de nov. de 2010

Pelo que se foi...

“Olhe bem nos meus olhos, olhe bem pra você...”
Nós não somos mais os mesmos. Nem você, nem meus olhos cansados de chorar. Nem teus olhos âmbar quentes, nem eu e as minhas partes.
“... o fato é que agente perdeu toda aquela magia...”
Quando deixamos de nos ver? Quando você deixou de ver as coisas que eu trazia tão bem escondidas para você no canto mais escuro de mim, aquelas que você pareceu ter encontrado de início, desde o primeiro dia. Quando eu deixei de ver em você aquele porto sempre tão seguro? Quando deixamos de respirar aquele ar empapado de amar e sonhar, que nos fez querer mais, que nos fez ir além de mim, dos meus olhos, da tua segurança. De mim e de você...
“... a porta dos meus quinze anos não tem mais segredos...”
Caímos exatamente naquilo de que tanto fugimos. Caímos no buraco mais temido das certezas certas, dos métodos. Caímos na cobrança...
“... e velha, tão velha ficou nossa fotografia.”
Aqueles sorrisos gratuitos e aquele amor que transbordava do que costumávamos ser. E era tão bom, tão lindo... Que valia sofrimentos e choros desnecessários, que nos fazia querer, sempre, ser só um. Aqueles dois corpos que contrariavam todas as leis da física enquanto ocupavam o mesmo lugar no tempo e no espaço. O nosso tempo, o nosso espaço. Não o espaço que acabou nos separando, não o espaço que existia entre, mas sim aquele que juntos éramos. Espaço sem espaço, sem vazio. Cheios... De mim e de você.
“Olhe bem nos meus olhos, olhe bem pra você...”
Separados quem somos? Apenas eu, sem você... Palavras de dor tentando explicar um fim que devido à intensidade do começo, jamais vai ser o que merecíamos. Jamais vai ter a grandeza, porque assim é ser final, assim é voltar a ser um sozinho. Sem grandes atos, sem grandes explicações. E isso foi o que restou da metade que eu fui: palavras, dores, incertezas e solidão. Às vezes penso que o melhor de mim, morreu com o que éramos, morreu quando ainda juntos, nos fizemos separados...
“A quem é que agente engana, com a nossa loucura...”
Tanto falamos que nos esquecemos de fazer. Fazer aquelas coisas que nós éramos. Falamos em conseguir, de chegar, mas não marcamos um ponto de encontro. Saímos em busca do que queríamos, mas hoje vejo que saímos cada um para um lado, cada um por um caminho, sozinho...
“... o certo que agente perdeu a noção do limite...”
Perdemos o que nos unia, na prática, na vida. Sobrou amor, sobrou vontade, mas faltaram as peças chaves: quem éramos - eu e você. Não eu, nem você, mas nós juntos, em uma só carne, em uma só vontade. Não nos perdemos um do outro, mas nos perdemos de nós mesmos. E aquela coisa toda que tínhamos era para eles, não para nós, dois velhos cansados. O que tínhamos morreu quando mudamos e o amor que estava na gente, gritou por socorro, porque se viu entre dois desconhecidos...
“... e atrás tem alguém que virá, que virá, que virá, que virá, que virá...”
A vida... Ela veio agora, ou ela nos mudou? Fomos quem éramos, ou inventamos personagens perfeitos para um crime de amor?
... E nós mesmos... Quem é você? Me responde, quem sou eu? Porque eu, não sei dizer. Não sei dizer, nem sei ver. Não mais partes de um todo, mas faces opostas de uma mesma moeda. Porém faces opostas com vontades próprias, que saíram da moeda, desgrudaram e viraram moedas com dois lados. Mas o imã, fugiu...

- "Oswaldo Montenegro - Aquela coisa toda"
- Roberta

Um comentário:

  1. Dói saber o que éramos e o que nos tornamos...
    Agora temos tempo para acharmos nós mesmos novamente. Triste é que perdemos um ao outro para isso...
    Sobrou amor, sobrou vontade...
    Sobrou eu, sobrou você...
    O que faltou foi... bem... o que faltou foi nós...

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