16 de jun. de 2010

Só...

"Estas árvores têm o tronco verde, continuou. Deverão permanecer aqui, apontando para o alto, para o alto, para cima. Para o céu. Elas contarão os seus segredos ao vento, quando por elas passar. Diga-me: por onde você andou? perguntarão ao vento. Você poderia contar-me os fatos que tem visto? Sabe, tenho profundas raízes que me prendem à terra e por isso aqui permaneço. Todos os dias. Todo o sempre. O vento lhe responderá. Pois nunca paro de soprar, sopro durante todos os dias, todas as horas, todos os minutos. Sopro sempre. Para longe... E a árvore pedirá aos gritos: não quero ficar aqui triste e sozinha. Quero ir com você. Leve-me. Não me deixe. Você parece tão feliz...." (Virginia Axline - Dibs: Em busca de si mesmo).

Era uma vez (porque assim deve começar toda história que se preze), havia uma menina, e uma família, da qual ela passou sua vida toda pensando fazer parte e uma casa, a qual ela chamou de lar por um longo tempo. Essa pode ser só mais uma história pra quem lê, mas é assim que ela começa...
A menina parecia ser normal, e até fútil para quem não a conhecia, parecia não pensar nem sofrer, parecia não ter um buraco no peito. A família parecia feliz e unida, parecia não ter preconceitos e deixar que as escolhas fossem feitas e a casa ... A casa parecia serena e acolhedora, parecia abrigar e proteger, com suas paredes cor de areia e seus móveis planejados. Mas nada é o que parece! A menina nasceu pra melancolia, sofria por si e pelos outros e tinha um buraco no peito. A menina tinha vergonha de ser quem era, pois estava cansada de não ser o que os outros esperavam dela, pois as pessoas recriminavam e o mundo não aceitava. A menina conseguiu fazer parte do mundo por um tempo, camuflando quem era realmente, mas um dia tudo desmoronou. A menina se apaixonou por alguém totalmente diferente dos alguéns das outras vezes. Alguém que gostou dela por tudo aquilo que sempre foi escondido, por tudo que as pessoas recriminavam e o mundo não aceitava e como uma lagarta, a menina saiu do casulo e tornou-se ela mesma. E ela foi feliz, pelo menos enquanto estava longe de tudo que sempre acreditou ser seu, pelo menos enquanto a família da qual acreditou fazer parte estava presa nas suas convicções e preocupações sociais, pelo menos enquanto estava fora da casa que hoje era sua prisão, que hoje sufoca.
Acontece que a menina decidiu não desistir, pois ainda que não fizesse mais parte da família, que as coisas estivessem mudadas, que as dores estivessem mais intensas e os ânimos estivessem ferozes, que a casa a sufocasse, não havia mais buraco no peito. Em um alguém totalmente diferente a menina encontrou a si mesma, em um abraço ela encontrou a proteção que precisava, em um beijo ela encontrou o amor que havia esperado e em um sorriso ela encontrou o universo no qual queria viver e isso era muito mais que ela havia esperado...
E ela decidiu seguir em frente, pois tudo que ela precisa é que o menino olhe nos seus olhos e diga que está com ela, que ainda que o mundo não queira, ele quer. Que ainda que a família condene, ele deseja, que ainda que os outros não acreditem, ele acredita. Pois tudo que ela precisa é ser feliz, e hoje, a felicidade está no brilho dos olhos dele ...

Um comentário:

  1. Eu te amo pelo que você é, minha patricinha fútil insuportável <3

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