5 de out. de 2010

O livro

Um dia ela descobriu que era tradicional.
Que queria crescer, casar, ter filhos. Escrever um livro e plantar uma árvore.
Ela queria um vestido branco, uma carreira bem sucedida e uma família feliz!
Queria ir almoçar em casa e conversar sobre a conta da luz.
Queria acordar no domingo e fazer café da manhã para marido e filhos.
Ela gosta da família, dos almoços e das conversas.
Ela tinha a filha e o começo de uma família.
A normalidade dominava tudo nela.
E ela era tradicionalmente feliz.
Um dia ela conheceu ele.
O avesso dela, o lado oposto da sua moeda.
Ele queria uma bela carreira, nada de compromisso e várias mulheres.
"Garrafas cheias e mulheres vazias", era isso que ele dizia...
Ele queria sexo hoje e não ligar amanhã.
Ele não queria compromisso.
Queria festas, mulheres, carros, dinheiro.
Ela quis ele.
Ela que era compromisso, quis ele que era liberdade.
Ele passou a querê-la também.
A liberdade quis prender-se ao compromisso.
Poderia um gato de rua, criado livre, apaixonar-se por uma gata doméstica, criada entre quatro paredes?
Poderia a liberdade querer prender-se aos compromissos?
Poderia um pássaro, de dentro de sua gaiola, apaixonar-se pelo beija-flor que livre voa?
Poderiam os compromissos quererem prender a liberdade?
Poderiam duas coisas tão distantes e tão distintas conviverem em uníssono?

-Roberta.

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