22 de out. de 2010

Prisão de Mentiras

- Porque você não atendeu o celular?
- Porque eu tava na aula e sempre deixo meu celular no silêncioso, não ouvi. Porque?
- Porque você não estava na aula, sua mentirosa vagabunda. Eu vi aquele menino indo para lá. É sempre assim. De hoje em diante, nas sextas-feiras te quero em casa às 8 e 30! Vou começar a sair!
- Mas é justamente as duas últimas aulas que eu não posso faltar... São as aulas...
- Não me interessa, isso é problema seu. Estou cansada na tua falta de vergonha na cara. Vim pra casa e ficar com a tua filha não dá, mas tempo de ficar se amassando igual a uma vagabunda pelos cantos você tem!
- Está louca? Eu estava na aula!
- Mentirosa. Troca sua filha por qualquer homem, parece aquelas putas de boteco! Merece morrer sozinha e infeliz pra aprender!

[...]

Ela também não entende porque essas palavras que fogem a realidade a machucam tanto...
E ele diz que as coisas vão se ajeitar...
Ela não acredita nem na mãe, nem nele; só acredita naquela idéia...
Os encomodados que se retirem, é isso que dizem. Ela não quer se retirar apenas da casa, bom mesmo seria se retirar da vida... Mas essa idéia é tão antiga que ela deixou de se acreditar capaz. Quem sabe as mesmas mentiras que a prendem, empunharão a faca que vai acabar com toda a dor?
Enquanto isso ela segue, andando de cabeça baixa pela vida, cansada dos óculos escuros que a escondem e da luz que a cega.

- Roberta

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