21 de ago. de 2010

Ela fecha os olhos e espera o sono, ele tem fugido nos últimos tempos, como se ali não fosse mais o lugar. Nela, agora, imperam os pensamentos que não param...
O que você quer? Onde você vai? Onde vai parar? Porque você pensa que quer isso?
Os pensamentos espantam o sono. O sono é egoísta, só fica onde reina supremo, e nela, o espaço vazio foi preenchido pelas dúvidas: Ela não sabe o que quer, ela não sabe se é capaz de chegar onde, no fundo, ela sabe que quer ir; ela não sabe se tem coragem pra ir tão longe.
Disseram pra ela: "Você vai chegar, você é maior que tudo isso, não se limite, amplie..."
A cabeça concorda, mas o coração aperta.
É isso que acontece dentro dela, uma guerra. Lados opostos de uma mesma moeda. Extremos de um mesmo continuo. A cabeça, que manda ir, que manda para, que manda deixar. E o coração que dói quando pensar ficar sem, que diz que sim, que diz não querer, que diz que vai! E agora, pra que lado é o certo? Ela fecha os olhos e a música toca: "Viver entre um sonho e a merda da sobrevivência..." Ela queria saber, de verdade, de coração.
Ela olha o relógio, mas sabe que não vai dormir. Sabe que vai deitar, e tudo aquilo que ela afastou durante todo o dia, vai estar lá esperando... Como se fosse um tropa de soldados inimigos, de tocaia... Ela vai deitar a cabeça e fechar os olhos, e vai sentir os pensamentos tomando conta do que antes estava sereno, um a um, de maneira sádica, doendo aos poucos. Ela hoje sente a dúvida como o frio: que começa aonde está descoberto, mas que após um tempo, invade a roupa, ultrapassa a pele e se aloja próximo ao osso, onde nada alcança pra poder tirar. Dói sem remédio.
Ela tenta esquecer e deixar as coisas como eram antes... Mas os pensamentos estão ali, quando ele sai, eles estão ali, esperando pacientemente pra ocupar seu lugar.
Ela deita e espera, espera, espera, o sono vem aos poucos, e ela dorme. De repente, ela sente-se despertar por algo que pula como se quisesse fugir, como se fosse explodir. O ar não entra mais... Ela senta na cama e tenta respirar...
Ela queria entender o que isso quer dizer, mas não consegue...

-Roberta

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