18 de ago. de 2010

Tem uma coisa estranha que ronda. Uma estranheza atípica de todos os sentimentos que se mostram aflorados, como se as coisas que acontecem passassem como vento, tirando a fina proteção que a poeira do tempo havia criado sobre as feridas cicatrizadas de maneira falsa, como se os sonhos tivessem se desvanecido em uma sombria manhã de julho.
Sinto-me como uma folha em início de outono, que dorme presa a sua árvore, e acorda em lugar totalmente desconhecido, com uma cor diferente e um futuro incerto e definitivo. Perdi alguma coisa dentro de mim mesma.
Uma vez, dizia que guiava minha vida pelas estrelas, depois cresci e percebi que é preciso sonhar, mas é preciso ter objetivos. Cresci, tive uma filha e entrei na faculdade e assim passei a guiar minha vida por metas. Hoje, quando estou mais perto do que nunca do meu sonho, sinto que as estrelas caíram do céu e minhas metas são impossíveis e com isso, passei a guiar minha vida pelo medo. Tenho medo do futuro. Tenho medo de dormir e acordar com o mundo totalmente diferente, tenho medo de não chegar nem na metade do caminho que tracei pra mim, tenho medo de sair na rua e do que vou encontrar na próxima esquina. Tenho medo de não encontrar o que procuro. Tenho medo de acordar e tenho medo de dormir.
Cresci ouvindo dizer que crescer dói. Sempre imaginei que essa dor era algo físico, do corpo que estica e aumenta. Hoje, descobri que a dor de crescer vem de não caber mais no colo, nem embaixo da cama, muito menos no armário. Vem de não poder se esconder do mundo, nem das responsabilidades. Vem das responsabilidades que o tempo traz. Crescer dói.
Ter medo também dói, porque nos mostra nossa incapacidade frente as coisas, nossa falhas.
Gostaria de voltar atrás, mas ainda que fosse possível, o caminho seria longo demais e isso, também me dá medo...

-Roberta.

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