7 de jul. de 2010

Disfarces

Todos os dias, depois do banho, procuro um disfarçar para usar. Procuro, entre todos o mais apropriado para as exigências do dia que se segue, para as exigências das pessoas a minha volta, para as exigências da minha dor e do meu inferno particular.
Respiro fundo e visto o escolhido, tentando acreditar ser aquilo que visto e disfarço...
Disfarço minha tristeza, que uma vez era algo esporádico e demonstrava uma fragilidade adorável, mas que hoje cravou raízes profundas na minha carne;
Disfarço minha dor por cada palavra engasgada na garganta, como facas paradas na horizontal, que descem dilacerando-me;
Disfarço a minha solidão, que causa arrepios doloridos, que causa feridas, que me faz gritar socorro para ninguém;
Disfarço meu ciúme, minha insegurança e meus desejos, porque não queria te desapontar, disfarço minhas fraquezas...
Disfarço o vazio da tua ausência, pois te queria sempre comigo e você só queria viver...
Disfarço o que sou atrás de histórias mirabolantes, deixando escondido a minha incapacidade de ser interessante.
Disfarço o ser vil que sou, atrás de minha falsa simpatia (se eles soubessem...).
E disfarço meu cansaço. Disfarço-o, porque ninguém entende.
Disfarço o que me mata de forma sádica, lentamente, gozando a cada sopro de vida que se vai...
Assim como eu, que gozo a cada dia que passa.
Cada dia que passa me leva para mais perto das coisas que realmente quero...
O tudo,
e o nada...
disfarçados de você e de fim!

-Roberta.

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