3 de jul. de 2010

Solidão e dor

Minha vida é chata, chata e presa.
Como um animal que não tem por onde fugir, fico atrás dessas grades olhando a vida lá fora que se passa de forma alegre, enquanto aqui dentro, tudo são sombras... (e solidão)
Nada pra fazer a não ser afundar-me, cada vez mais, nos meus demônios, nas minhas dores, nos meus fracassos. Nada pra fazer, ninguém pra ver, nada pelo que ser feliz.
Só sombras...
"Gritar pro mundo e saber, que o mundo não presta atenção..."
As pessoas olham e não sabem porque me comporto assim, elas não sabem como a minha vida é.
Elas dizem que eu tenho tudo que se pode querer, mas eu não quero.
Em um surto de ingratidão, eu não quero.
Não quero nada, eu não quero nada.
Eu quero o que não tenho, e que espero ansiosamente desde o dia em que nasci.
Quero apenas sair, e não voltar.
Quero me livrar do que dói, e não para nunca.
Quero abandonar o que não sou, não quero e não consigo ser.
Quero deixar você, solidão, pra trás.
Quero deixar esses demônios presos, em lugar onde eles não voltem a me atormentar mais.
Quero poder parar de escrever, pois só escrevo quando algo dói, procurando disfarçar as feridas que não cicatrizam, pelo menos enquanto o sol não brilhar por aqui....

-Roberta

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A minha dor

A minha Dor é um convento ideal
Cheio de claustros, sombras, arcarias,
Aonde a pedra em convulsões sombrias
Tem linhas dum requinte escultural.

Os sinos têm dobres de agonias
Ao gemer, comovidos, o seu mal…
E todos têm sons de funeral
Ao bater horas, no correr dos dias…

A minha Dor é um convento. Há lírios
Dum roxo macerado de martírios,
Tão belos como nunca os viu alguém!

Nesse triste convento aonde eu moro,
Noites e dias rezo e grito e choro,
E ninguém ouve… ninguém vê… ninguém…


-Florbela Espanca.

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