20 de jul. de 2010

Outra vez

Ela olha-se no espelho e o que vê, novamente não a agrada, nunca agradou. Vê os olhos borrados pelas lágrimas que lavam a maquilagem deixando rastros negros, vê as formas confusas, que oras mostram-se sedutoras, oras mostram-se desproporcionadas e vê, no fundo dos olhos turvos, aquela fraqueza novamente. Vê aquele sentimento, que ela pensou ter banido de dentro dela, mas que escondido com um sorriso sarcástico nos lábios insinua que venceu novamente.
Ela não conseguiu novamente. Ele é o vencedor sempre.
Ela procura, na triste figura refletida, o que a torna tão diferente das outras pessoas. O que faz com que ela seja dessa forma, que faz com que ela necessite passar por isso, o que fez com que esse sentimento amargo fixasse residência justo no peito dela. Mesmo que ela busque, ela não acha. Por fora de um jeito, por dentro de outro, como uma maldição, desde sempre.
Ela pensou que ele entenderia, ele que sempre disse que encantará-se com essa fragilidade boba que assombra-a desde sempre, mas não. "Você se traiu novamente." ela pensa, e o sentimento responde: "você é o que você é", afinal de contas, é pra isso que ele está ali, para mostrar todos os dias as incapacidades dela, que ela tanto se empenha em esconder.
Mas é assim.
A menina sabe que escolheu outro a ela, novamente. Ela fecha os olhos, e espreme as mãos contra o peito, tentando não sucumbir as lágrimas grossas que brotam em seus olhos novamente, enquanto pede com toda sua força, que isso não anuncie o que ela já conhece...

-Roberta.

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